domingo, 21 de dezembro de 2008

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

O Currículo sob uma óptica crítica

Bobbit, em The curriculum, 1918, defende a escola como empresa, o mesmo acontece em Portugal, nos dias de hoje. Eficiência é a palavra chave. O currículo é uma mecânica, baseado em organização. Segundo Bobbit, “a educação, tal como a fábrica de aço, é um processo de moldagem”. Também, no sistem educativo actual é necessário moldar os estudantes para a sociedade de informação em que irão trabalhar.

O Magalhães massifica o computador portátil por aluno. O quadro interactivo na sala de aula muda tudo. Estamos a criar gerações de produtividade e competitividade a nível mundial. O paradigma professor-aluno tem de mudar porque os alunos estão habituados a estarem ligados. A nível de literacia digital, os professores têm de competir com os alunos. Temos de nos adaptar à nova tecnologia do século XXI. As plataformas de e-learning irão ajudar o processo de ensino-aprendizagem com o ensino a distância. Daqui a três anos, poderemos vir a ter um aluno com computador para cada mil habitantes.

As teorias tradicionais concentravam-se nas formas de organização e elaboração do Currículo. Para as teorias críticas o importante não é desenvolver técnicas de como fazer o currículo, mas desenvolver conceitos que nos permitam compreender o que o currículo faz.

A escola actua ideologicamente através do seu currículo. Althusser enfatizava o papel do conteúdo das matérias escolares na transmissão da ideologia capitalista. A escola privilegia a reprodução da cultura social dominante: os seus valores, os seus gostos, os seus costumes, os seus hábitos, os seus modos de se comportar, de agir. Bourdieu e Passeron em A Reprodução, 1970, criticam esta perspectiva. Os problemas sociais dos alunos e da escola são esquecidos, exige-se que todos os alunos atinjam as mesmas competências, não tendo em consideração a realidade social: escolas degradadas, equipamentos obsoletos, abandono escolar, má alimentação, violência no recinto escolar. Será que o Plano Tecnológico terá em consideração estas diferenças sociais?

Aspectos positivos e negativos do PTE – Plano Tecnológico

Numa perspectiva curricular tradicional, o plano tecnológico centra-se na modernização, inovação e qualificação, pretendendo preparar os alunos para o mundo do trabalho da Sociedade de Informação que irão enfrentar quando sairem da escola. É direccional, instrumento de Estado, com metas bem definidas, dando as mesmas oportunidades a todos os alunos, independentemente da classe social a que pertencem ou da escola que frequentam. Do ponto de vista das TIC, pretende equipar as escolas com computadores, projectores, quadros interactivos, Internet de banda larga, cartão electrónico e computador portátil para o aluno e fomenta a integração e utilização das TIC, no processo de ensino-aprendizagem e na gestão escolar.

Mas nem tudo são rosas, pois a sua implementação em certas escolas não vai ser fácil, devido a resistências de ordem social, política e económica. Se há computadores, não há professores treinados para trabalhar com eles. Se há computadores e professores, não há alunos. Mesmo havendo professores motivados e capazes de usarem as novas tecnologias, estas não estão integradas no currículo das disciplinas. Se por um lado, os computadores vêm simplificar algumas tarefas, por outro lado, a burocracia é tanta que ainda se perde mais tempo e gasta-se mais papel. Também, a má utilização da tecnologia na sala de aula pode causar indisciplina e provocar atitudes não desejáveis. Oa alunos vêem os computadores como diversão e não como instrumento de trabalho, o mesmo acontecendo com alguns professores do currículo tradicional que querem dar a sua aula, escrever no quadro e não permitem a interactividade dos alunos porque pode causar barulho, indisciplina e pôr a autoridade e o papel do professor em causa.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Que implicações têm na educação as formas de comunicação e colaboração on-line?

Vivemos na geração de olhos postos no YouTube e Google e daí ser necessário reflectir sobre as novas estratégias de ensino-aprendizagem.

YouTube, Podcasting, Blogs, Wikis, RSS são palavras sonantes e representam um novo paradigma na utilização de novas ferramentas informáticas na educação.

Não basta usar tecnologia no ensino on-line para transmitir conhecimentos aos estudantes. Novas estratégias podem ser criadas e um grande número de actividades, possibilitando um ensino mais criativo e enriquecedor para os alunos dos diferentes graus de ensino.

Hoje em dia, os alunos da geração Net vivem mergulhados num mar de tecnologia do qual não podem abstrair: Telemóveis, camâras digitais, computadores portáteis, Internet interferem no modo como eles comunicam, estudam e interagem socialmente. Estes estudantes têm o seu blogue, jogam jogos de computador a 3 dimensões, fazem os seus próprios vídeos e editam em www.youtube.com, compilam diversos materiais para o seu portefólio digital. Absorvem informação de diversas fontes de forma síncrona e assíncrona. No artigo ‘Growing Up Digital: How the Web Changes Work, Education and the Ways People Learn’, John Seely Brown (2002) usa a metáfora ‘Learning Ecology’ para descrever este novo ambiente de aprendizagem, resultante do aparecimento de novas tecnologias.

Dentro do mundo da Web 2.0 (termo criado por O’ Reilly, em 2003), os estudantes (entre 12 e 17 anos), frequentemente, denominados por ‘digital natives’ produzem mais de 50% de conteúdo para a Internet. Eles estão envolvidos em actividades, tais como: criar um blogue, trabalhar numa página pessoal ou de escola, partilhar vídeos, fotografias, pequenas histórias ou relatos de férias. Ensino centrado no aluno, de um modo implícito ou explícito. Passámos de uma World Wide Web só de leitura para uma Web de leitura e escrita, uma plataforma interactiva, enriquecedora do ponto de vista das relações sociais. Evoluimos de uma Web estática (Web 1.0) para uma Web dinâmica de colaboração e participação (Web 2.0).

Falemos, agora, um pouco da Web semântica (Web 3.0), termo criado por Tim Berners-Lee. A ‘education semantic web’ baseia-se em três princípios: a capacidade de armazenar e organizar informação para uma consulta fácil, a capacidade dos não-humanos poderem vir a aprender e interagir como os humanos e o aumento da capacidade de comunicação da Web. A capacidade da Web semântica acrescentar significado à informação, proporciona grandes oportunidades à educação. Um elemento inovador desta Web 3.0 são os agentes (Teacher and Student Agents) que têm como finalidade aliviar o trabalho árduo de ensinar do professor e o de aprender dos alunos. Há a necessidade de classificar (‘tagging’) a vasta informação existente na Web.
Termino com a pergunta – Será que a Web semântica irá mudar a Educação?

Porquê comunicar e colaborar on-line?

Comunicamos on-line porque é mais barato, mais atrativo e permite economizar tempo. Não necessitamos de nos deslocar, pois a Internet possibilita com os recursos que nos fornece, tais como: Skype, E-mail, Messenger, Vídeo conferência, Blogues, Fóruns, Plataformas educacionais, etc. uma comunicação em simultâneo, entre duas ou mais pessoas ou pagar a factura de água ou luz, confortavelmente sentados na nossa sala de estar, ou fazer uma transferência bancária.

Outro factor importante desta forma de comunicar é transmitir conhecimento, de auxílio para quem estuda ou trabalha em determinado ramo. Basta consultar a panóplia de ferramentas que a Internet nos oferece: Páginas (de serviços e educacionais), programas de tradução, gramáticas, e-books. Basta um clique e o problema pode ficar resolvido.

Com as comunidades virtuais, os chats, os jogos, qualquer pessoa, não importa o sexo, nem a idade nem a classe social, pode interagir e mitigar a dor da solidão, especialmente, se por incapacidade física, não se poder deslocar a um jardim ou café. O ambiente social on-line pode-se tornar viciante visto que muitos adolescentes não largam a Internet, esquecendo, por completo, o mundo real.

A componente multimédia tem vindo a reforçar esta comunicação on-line. É, de longe, mais atraente comunicar com som, imagens e vídeo do que, apenas, só texto. Hoje em dia, podemos comunicar desta maneira, não só usando o computador, mas também, o telemóvel, o GPS, iPhone, Notebook, etc. Qualquer um destes componentes portáteis se pode ligar à Internet, em qualquer lugar, e possibilitar uma comunicação eficaz e agradável.

Não podemos deixar de mencionar o factor risco inerente a esta forma de comunicação. Sem filtros, as nossas caixas de correio podem encher-se de publicidade indesejável ou no chat podermos encontrar pessoas perigosas. Em especial, as crianças têm de ter um certo cuidado ao usar esta forma de comunicação. Também, no mundo empresarial, financeiro e comercial, todo o cuidado é pouco, pois pode ocorrer fraude ou até mesmo crime. Concluimos, alertando para o facto de este tipo de comunicação trazer muitos benefícios mas também comportar alguns riscos.

As Teorias de Aprendizagem e as TIC

A aprendizagem na abordagem comportamentalista (behaviorista) é uma modificação de comportamento provocada pelo agente que ensina, usando estímulos sobre o sujeito que aprende. A pedagogia é directiva. O aluno aprende se o professor ensina. O professor acredita no mito da transferência do conhecimento e o aluno recebe passivamente os conhecimentos. Skinner (1904-1984), psicólogo americano, utilizou o modelo experimental de Watson (1878-1958) para o estudo do comportamento humano, sendo a sua teoria conhecida como ‘Condicionamento operante’. Esta aprendizagem deu origem ao Ensino Assistido por Computador que herdou os princípios do Ensino Programado, aparecendo o conceito de ‘feedback’, confirmação imediata da resposta. Programas de exercício e prática (drill & practice) e treino de competências básicas são os métodos de ensino e aprendizagem desta concepção. Ambientes de aprendizagem muito estruturados.

A aprendizagem na abordagem cognitivista tem, em conta, as condições do conhecimento que são inatas ao indivíduo quando nasce, excluindo o meio social em que vive. A pedagogia é não-directiva, o professor é um auxiliar do aluno, um facilitador e deve intervir o menos possível. O professor além de ensinar, passa a aprender, e o aluno, além de aprender, passa a ensinar. Segundo Piaget, o conhecimento se constrói na interacção do sujeito com o objecto. Compara a mente a um computador. A aprendizagem baseia-se no computador digital. Aprender implica representar a informação e processá-la (Inputs e Outputs). A perspectiva piagetiana do desenvolvimento cognitivo foi traduzida por Papert (1980) no sistema Logo, modelo da aprendizagem pela descoberta. Dificuldade em transferir. A criança programa o computador em vez de ser programada por ele. Ambientes de aprendizagem pouco estruturados.

A aprendizagem na abordagem contextualista vê o conhecimento como um produto da interacção social e da cultura. Vygotsky preocupa-se com as relações entre o pensamento verbal e a linguagem e dá importância à relação e interacção com outras pessoas como origem dos processos de aprendizagem e desenvolvimento humano. Aprender significa participar numa comunidade de práticas (discursivas, o saber-fazer e a utilização dos recursos informáticos) e construir uma identidade dentro dessa comunidade. Aprendizagem pela descoberta guiada e ensino recíproco. Integração das tecnologias como produtos da actividade adaptativa e transformadora do ser humano.

Concluindo, o professor hoje, não é mais o detentor do conhecimento. Com a Internet, o professor passa a mediador, orientador do conhecimento adquirido de diversas fontes, deixa de estar isolado e passa a fazer um trabalho em conjunto, ou seja, cooperativo. O ambiente de aprendizagem conta com a participação, cooperação e colaboração de todos. O trabalho de grupo é fundamental e todos devem participar na resolução da tarefa. O trabalho deve ser cooperativo, colaborativo e interactivo.

Cooperativo, ou seja, trabalho de grupo em que todos participam de forma conjunta. A ferramenta informática pode ser um blogue, onde todos pôem o seu comentário ou Skype onde trocam experiências, oralmente. Colaborativo, através da troca de materiais via e-mail, se for a distância ou usando uma plataforma de aprendizagem como o Moodle. Interactivo, no sentido de tornar o trabalho integrado.

O professor, além de conhecer as teorias de aprendizagem, deve, também, saber utilizar os recursos disponíveis na Internet.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

terça-feira, 21 de outubro de 2008

A INTERNET E O CURRÍCULO

O uso da Internet pelos adolescentes cresceu bastante, nos últimos 10 anos, crescendo, também, a preocupação quanto aos efeitos provocados por esta tecnologia nos jovens. A @ geração enfrenta todos os dias desafios colocados pela Internet e prefere seus conteúdos aos conteúdos dos manuais escolares. Coloca-se a pergunta. Estar on-line causa solidão, isola os jovens, desenvolvendo comportamento anti-social, ou pelo contrário, ajuda-os a ultrapassar os problemas quotidianos? Segundo alguns teóricos sobre o assunto, depois de várias sondagens feitas a adolescentes do secundário, o impacto psicológico da Internet pode causar depressão e ansiedade, isolando-os do mundo real, mas isso depende dos sites que estes visitam ou com quem conversam on-line. Se por um lado os afasta do mundo real, por outro lado possibilita novos contactos e novas oportunidades. Comunidade e família alargam-se, surgem as comunidades virtuais, as cidades gémeas, os irmãos emprestados, os namoros on-line e até mesmo alguns casamentos.


Para além do mal ou bem estar social que a Internet possa provocar, temos também de analisar a carga cognitiva que ela transmite. Os manuais escolares desactualizam, rapidamente, e tornam-se menos apelativos que os conteúdos multimédia, transmitidos por esta tecnologia. Dicionários, enciclopédias, gramáticas multimédia e e-manuais são, de longe, mais atrativos por serem interactivos do que fotocópias a preto e branco ou livros escolares mal feitos, com erros e de currículo desajustado aos jovens de hoje.


Preciso traduzir uma palavra, consulto um tradutor do Google. Necessito fazer um determinado exercício gramatical, procuro no Google. Vou fazer um trabalho de projecto e preciso de um filme para o mesmo, vou ao YouTube. Quero fazer um e-portefólio e procuro na Web onde o colocar, gratuitamente. Estudei um determinado assunto no manual mas preciso de informação adicional, hoje em dia, não vou consultar uma enciclopédia na biblioteca da escola, pois nem todas as escolas têm biblioteca boa, então, procuro a informação numa biblioteca de outra escola ou universidade on-line.

CURRÍCULO

Segundo Silva,T. (1998). Teorias do currículo. Porto Editora. (pp 9-16)

Currículo é o que se ensina. A questão central é saber o que se deve ensinar, de que forma transmitir e que tipo de pessoa se pretende no final. É, assim, importante responder às perguntas: O quê? A quem? Como?

A organização e desenvolvimento do currículo deve responder a 4 questões básicas: 1. Que objectivos educacionais? 2. Que experiências devem ser oferecidas para os realizar? 3. Como organizar essas experiências educacionais? 4. Como verificar se os objectivos estão a ser alcançados?

Tanto os modelos mais tecnocráticos, como os de Bobbitt e Tyler, quanto os modelos mais progressistas, como o de Dewey, que emergiram no início do século XX, nos Estados Unidos, constituíram uma reacção ao currículo clássico, humanista.

A problemática central da análise marxista da educação e da escola consiste como mostra o exemplo de Althusser, em procurar estabelecer qual é a ligação entre a escola e a economia, entre a educação e a produção.

Em Bourdieu e Passeron, o currículo da escola está baseado na cultura dominante, sendo um mecanismo de exclusão para as crianças das classes dominadas.

Bourdieu e Passeron propõem, assim, através do conceito de pedagogia racional, uma pedagogia e um currículo que reproduzam na escola, para as crianças das classes dominadas, as condições que apenas as crianças das classes dominantes têm na família.

A questão do poder é fulcral nas teorias do currículo e distingue as teorias tradicionais das teorias críticas e pós-críticas do mesmo. As teorias tradicionais procuram responder à questão: Como? Qual a melhor forma de transmitir o conhecimento? As teorias críticas e pós-críticas têm como questão central: porquê? Porquê esse conhecimento e não outro? Assim sendo, as teorias críticas e pós-críticas de currículo estão preocupadas com as conexões entre saber, identidade e poder.

Na minha opinião, o currículo deve englobar a totalidade das crianças, quer sejam da classe dominante ou dominada e deve responder às necessidades actuais da sociedade em que vivemos. Deve ter em atenção, o que ensinar? Como? e quando? Defendo que o currículo não pode ser separado do ensino e da avaliação.